Revolução dos Cravos 25 de Abril 1974

Dizem que a História repete-se, bem fico à espera....

A propósito, e tu ? Onde estavas no 25 de Abril de 74 ?
Na rua, a festejar ?...ou nem por isso....


Emigrar é...


Olharem para ti de lado, porque o que não compreendemos, é porque é mau...
Acharem que se tiveste que sair do teu país, é porque lá não estavas bem, então se calhar o erro estava em ti...afinal ficaram lá os outros todos....
Não compreenderem que podes até falar mal a lingua do país de acolhimento, mas não sabem, que falas bem, correctamente e educadamente a tua lingua de origem....e uma má linguagem está sempre associada a uma má educação....
Não compreenderem que não saberem nada do teu passado, e não existirem pessoas que "provem" a tua boa conduta, não significa que tiveste uma má....
Não compreenderem que a ansiedade de voltar ao país de origem, não é porque no fundo não aceitamos o país de acolhimento, com as suas regras, tradições e hábitos, é porque significa "voltar um pouco à infânçia", ao porto seguro...
Esforçares-te por te conhecer e fazeres parte da nova cultura, mas sempre vem alguém que te "lembra" que és de fora....e isso cansa. Fecha-nos.
Que para te sujeitares a fazer serviços "menos dignos" , é porque és muito necessitado, e os necessitados....são capazes de tudo!!!
É deixares a tua mala semi-aberta, e apanhares alguém a remexê-la
....sabe se lá do que esta gente é capaz!!!
Afinal, são de fora.....

Porque emigramos? Porque no fundo, existe em nós um pouco de criança, ainda sonhamos alcançar um futuro melhor, mais tranquilo, uma vida mais doce.
Porque sonhar sem acção não é suficiente.
Porque temos força, para mudar uma existência inteira, em prol desse sonho.
Este é um texto de uma portuguesa que está fora do país, mas que podia muito bem ter sido escrito, por um qualquer emigrante, daqueles que estão em Portugal....

Isabel Peres / Abril 2010

Hotel Lisboa - Oito em ponto, dezasseis e trinta

A grande fachada do hotel é nova e reflecte a luz do dia. As grandes vidraças da recepção têm algo apelativo. A calma que o Hall atapetado faz transparecer é genuína e condiz com o sorriso da recepcionista, impecável na sua farda saia-casaco vermelhas e blusa branca. Mas a calma fica por aí...
Numa entrada mais abaixo, discreta e tão sombria quanto pode ser a entrada de uma garagem, há um gotejar de pessoas que vão chegando e picando o cartão no relógio de ponto, quase a única prova de que foram trabalhar. Num edifício com dez andares à superfície e mais cinco subterrâneos podem passar-se dias inteiros sem que vejamos colegas de trabalho!

O ponto de convergência é no conhecido “-2”. Primeiro porque é onde está o relógio de ponto, e depois porque além da lavandaria, é onde fica o refeitório, o gabinete da governanta e a rouparia, responsável esta pela limpeza e engomagem de fardas e roupa de todo o pessoal do hotel, da cozinha à pastelaria, da recepção aos bagageiros, e ainda dos restaurantes, cafés e empregadas de quartos.

Uma grande maioria dos empregados do hotel entra às 8h., como eu. E com o aproximar da hora é a correria no “-2”. O veste e despe fardas, batas, camisas, saias e casacos. O corredor é pequeno e o refeitório torna-se a sala de convívio para dois dedos de conversa entre o pão com manteiga e o gole de leite com café. Os vestiários são logo ali ao lado.

Às 8h., já estamos a iniciar as tarefas habituais: ligar máquinas, o ferro de engomar, pôr roupa a lavar. A governanta distribui tarefas e andares pelas empregadas de quartos. Recolhe-se roupa de clientes para limpeza a seco...

Na rouparia distribuo lençóis, fronhas, toalhões de banho e de rosto. Pedem-me panos do pó, panos de cozinha, aventais e guardanapos. Vou distribuindo roupa durante as oito horas de trabalho, passando e distribuindo, distribuindo e cosendo.

A lavandaria é mesmo ao lado, oiço as minhas colegas mas não as vejo, tenho que me dirigir à porta que está sempre aberta e pedir:- “Preciso de guardanapos de restaurante! ”- grito eu, com uma entoação bem longe do “exijo”, que a confiança de cinco meses não permite...-“Vamos já passá-los na calandra... ”Calandra?! Nome até bem suave para um monstro de rolo horizontal gigante em que os lençóis entram abertos por um lado e saem passados pelo outro. É só dobrar! São precisas duas colegas e os gestos sistemáticos e ritmados com que o fazem, lembram uma dança medieval, como se fossem fitas e não lençóis.

As pilhas de roupa são separadas, lençóis para um lado, toalhas para o outro, e as máquinas de lavar são carregadas a quatro mãos, para facilitar a tarefa!!!

Nos corredores dos pisos dos quartos evita-se o barulho, mas a correria é igual, apenas as alcatifas abafam os passos apressados. Desmancham-se camas, substituem-se toalhas, lavam-se banheiras, aspira-se o chão, tudo é vistoriado ao ínfimo pormenor. Um cabelo no lavatório dá direito a reclamação.

De vez em quando uma empregada de quarto desce à rouparia para pedir mais toalhas ou lençóis. Entre dentes pragueja baixinho: - O cliente do 707 não sai do quarto, e não vejo que vá sair tão depressa. Quero arrumá-lo e não posso! ”Pergunto-me como saberá ela que o cliente não vai sair tão depressa, mas convenço-me que são segredos da profissão e não faço perguntas. Limito-me a encolher os ombros e a responder o que oiço às mais velhas: - “Está de chuva, eles custam a sair!”

Num piscar de olhos, até porque as manhãs passam depressa, é meio-dia. Hora de almoço. Oh! Trinta minutos sagrados...mas a correria é igual à da hora de serviço. Relógio de ponto, fila para o refeitório, quinze minutos para almoçar, beber o café na rua e fumar três cigarros em trinta minutos requerem um treino especificado. Às vezes ainda sobram três minutos para telefonar...Outras vezes chego três minutos atrasada!

E, geralmente é quando estou atrasada e ainda me encontro no vestiário que alguém precisa de algo urgente. E estou a fechar o cacifo quando oiço chamar pelo meu nome da porta do vestiário, respondo: - “Sim? Quem é?! Mas nem dou tempo de responderem. É a senhora dos Recursos Humanos. Evita ao máximo entrar no vestiário das mulheres, a simpatia e o sorriso de boas-vindas dura apenas a primeira semana dos novos empregados, depois quando algum de nós é chamado ao seu escritório fora dos últimos dias do mês, para assinar os recibos, é sempre com a sensação “de que vamos levar nas orelhas” que subimos ao seu escritório.

Mas afinal, naquele momento, a senhora só precisa de uma farda nova para uma empregada que vai entrar na copa. É a terceira rapariga em um mês.Com ares de “veterana” perante a recruta, tiro-lhe as medidas e arrisco uma jaleca 46 e umas calças médias, mas como na realidade só estou no emprego há dois meses, erro tudo. A jaleca é 44 e as calças são das mais pequenas. Não me mostro constrangida: -“É que a moça engana, não parece tão magra....”

E a empregada nova, com aquele ar de empregada nova: - quieta, gentil e atenta -, acaba por levar as duas medidas: as certas e as sugeridas, não vá o diabo tecê-las e não agradar por teimosia.

A tarde corre e nós com ela. Desejamos que já fosse hora de saída e desejamos que fosse um pouco mais cedo para termos a certeza que há tempo para fazer tudo o que falta.

As empregadas de quarto descem com listas de roupa que precisam, e enchem os carrinhos com lençóis, toalhões, toalhas de rosto, de bidé, fronhas, ect., ect.. Tudo para estar pronto no dia seguinte.

Ainda é preciso verificar os mini-bares, abrir camas e deixar chocolates.

Na lavandaria a roupa para lavar nunca se esgota, mas é preciso passar toda a que secou. Ponho perto do ferro de engomar as cinquenta camisas que terei de passar, no dia seguinte.

O pessoal da pastelaria também se prepara para sair e pedem jalecas, calças e toalhas para o banho.

Quando saímos, o corre-corre do hotel continua. Eu sei que continua, apenas é invisível para mim.

E entendo o que o cliente comum sente em relação a nós!

Isabel Peres / Janeiro 2003

Prece da Nossa Senhara da Asneira

Prece da Nossa Senhara da Asneira

Indicado para quando se fez uma asneira, ou se cometeu uma gafe terrivel.

Exemplo prático:
 Dar os parabéns a uma senhora, acompanhado de um enorme sorriso, dizendo:
- Parabéns!! Não sabia que estava grávida!!
Resposta pronta e seca:
- Não, não estou!!
obs. : Odeio a moda das túnicas!!

Se não souber como sair da situação, "reze" esta prece.
Acompanhe com um ar de espanto,  um ligeiro sorriso timido a bailar nos lábios, uma música  que se chama: O silêncio ouve-se bem... e repete até estares bem afastada da situação:

- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!
- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!
- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!
- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!............

Isabel Peres

Um dia você aprende… – Willian Shakespeare

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança ou proximidade. E começa aprender que beijos não são contratos, tampouco promessas de amor eterno. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos radiantes, com a graça de um adulto – e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, pois o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, ao passo que o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol pode queimar se ficarmos expostos a ele durante muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe: algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e, por isto, você precisa estar sempre disposto a pedoá-la.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la; e que você, em um instante, pode fazer coisas das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e que, de fato, os bons e verdadeiros amigos foram a nossa própria família que nos permitiu conhecer. Aprende que não temos que mudar de amigos: se compreendermos que os amigos mudam (assim como você), perceberá que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou até coisa alguma, tendo, assim mesmo, bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito cedo, ou muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que verdadeiramente amamos com palavras brandas, amorosas, pois cada instante que passa carrega a possibilidade de ser a última vez que as veremos; aprende que as circunstâncias e os ambientes possuem influência sobre nós, mas somente nós somos responsáveis por nós mesmos; começa a compreender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que se pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se deseja tornar, e que o tempo é curto. Aprende que não importa até o ponto onde já chegamos, mas para onde estamos, de fato, indo – mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar servirá.

Aprende que: ou você controla seus atos e temperamento, ou acabará escravo de si mesmo, pois eles acabarão por controlá-lo; e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada ou frágil seja uma situação, sempre existem dois lados a serem considerados, ou analisados.

Aprende que heróis são pessoas que foram suficientemente corajosas para fazer o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências de seus atos. Aprende que paciência requer muita persistência e prática. Descobre que, algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, poderá ser uma das poucas que o ajudará a levantar-se. (…) Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido: simplesmente o mundo não irá parar para que você possa consertá-lo. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante você mesmo seu jardim e decore sua alma – ao invés de esperar eternamente que alguém lhe traga flores. E você aprende que, realmente, tudo pode suportar; que realmente é forte e que pode ir muito mais longe – mesmo após ter pensado não ser capaz. E que realmente a vida tem seu valor, e, você, o seu próprio e inquestionável valor perante a vida.

Um dia atrás do outro..

Madrugada.... sim, são 8:30 da manhã e deveria estar a dormir e como não estou, é de madrugada!

Para ocupar o meu tempo, resolvi escrever. São estes impulsos que me dão sabor à vida, estes e todos os pequenos detalhes imprevistos:

Explico a minha semana, e verão que escrever às 8:30 da manhã, não é nada estranho, se comparármos com o resto!
Terça: Informo a familia, que por motivos bem pessoais, alterei todo o plano de férias...e com isso alterei os planos pessoais de umas 5 pessoas. Não o fiz por maldade gratuita, mas tem momentos na vida de uma pessoa que temos que pensar em nós, se mesmo que com essas decisões, corramos o risco de ser apelidadas de egoistas, - ( para além de outros nomes menos próprios que dispenso reproduzir) - contra o peso da nossa consciência tranquila.

Quarta: Aquele "barulhinho" estranho, que identifico no meu carro já faz 2 semanas, na prática revela-se: Cai o tudo de escape, e devo acrescentar que é a minha viatura de trabalho, e com ele faço uns 5 ou 6 trajectos por dia, que se tornam no meu ordenado ao fim do mês.... pensei em chorar, mas tinha maquilhagem e achei que não seria bonito uma mulher na beira da estrada, sem tubo de escape, e pior, com a maquilhagem borrada!

Quinta: A minha bilha de gaz, que durou 9 meses- só serve para o fogão, e isso diz muito de mim como cozinheira- acaba. Não tenho carro para ir buscar outra, e não, não tenho 2ª bilha, por razões que não vêem à conversa....acho que a que tinha emprestei numa urgência a uma amiga, que entretanto também ficou sem carro, e não a pode trazer de volta!

Sexta: O encontro que tinha marcado, foi desmarcado em cima da hora. Também tinha maquilhagem......e esqueci de comprar os anti-depressivos, companheiros indespensáveis nestas semanas!

Para completar o quadro, tenho uma filha precoce, (acha que está na adolescênçia com 9 anos e usa a minha maquilhagem toda!!!), e o pior de tudo: a minha máquina de lavar roupa é em 2ª mão!!! Exite algo mais trágico que tratar a máquina de lavar roupa com o mesmo carinho com que se trata um bébé de 10 meses?

Quando tenho uma semana assim, acabo sempre por não chorar, porque no 3º incidente, começo a achar tudo tão estranho, que quase me convenço que entrei noutra dimensão. Numa dimensão que continuamos a ter que nos dirigir para o trabalho...
Espero o fim-do-mês, para ter dinheiro para a peça do tubo de escape nova,  e devo dizer que o meu Opel está bem racing, se a policia me parar e me disser que me falta o tubo de escape, vou responder que não é verdade, ele não falta.....está é no porta-bagagens!

O que me mais agrada neste quadro, é que daqui a 2 meses terei outros problemas, parecidos, mas outros!!!

E quem não souber deste detalhe, borra a maquilagem.

Isabel Peres / 2009

Caça às Bruxas

É incrível a necessidade que o ser humano tem de, mesmo à medida que vai evoluindo, de fazer caça-às-bruxas.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e deveria acrescentar, mudam-se os requintes e as tecnologias…
Desde os tempos mais famosos das, literalmente falando, caça às bruxas na Idade Média, o gostinho pela actividade ficou, e se ainda não foi instituído desporto mundial, é porque existem atitudes paralelas com nomes de, por exemplo, “politicamente correcto”, (que não é mais do que um livro de etiqueta alargado para fora das festinhas vip’s, sem qualquer respeito pela “opinião pessoal”; opinião essa que correcta ou incorrecta, não tem qualquer validade.)
As Idades foram mudando de nome, as bruxas foram queimadas vivas, mas as caças continuaram. Eu não acredito em caças, mas que elas há, há….
Os meus conhecimentos de História não são maiores que os da maioria da população, por isso devem saber do que eu estou a falar quando refiro a caça às bruxas nos E.U.A., nos anos 50, e agora até já posso dizer a palavra: comunistas. Comunistas! (Foi só para ter a certeza de que ainda podia dizer.)
Com a queda do muro de Berlim, e os próprios a passar à História, achou-se que já não eram uma ameaça, e a palavra pôde entrar nos circuitos de conversação, como politicamente correcta e até aceitável falar deles, desde que acompanhada de três reticências e uma expressão que sugira “passado”.
Para além das caças aos grupos de minoria étnica, das caças de ordem religiosa ou política, até às caças aos grupos mais vulneráveis que começaram com o apedrejamento dos toxicodependentes, mas que à medida em que cada lar começou a ter o “seu” já era mais desconfortável apedrejar os outros, sem que o “nosso” escapasse ileso sem mais uma pedrada na cabeça. Então, deixaram de ser encarados como os Demónios da Tasmânia e Arredores, e passaram a ser os coitadinhos, e até ser politicamente correcto aceitá-los como doentes, de uma doença não contagiosa mas que se pega a uma velocidade contagiante, e deve-se ajudar com amor e compreensão, mas a uma distância segura, na ordem dos cinco metros.
Mas a evolução não pára, (nem pára e à vezes parece que nem evolui…), os métodos é que se vão refinando e as caças agora tem de ter um suporte legal. Primeiro faz-se a lei e legaliza-se a caça.
Posso assegurar, que nesta década, se iniciaram duas caças: uma aos terroristas, e a outra…. aos fumadores!
Serei uma taliban urbana, suicida e pronta a levar comigo para o Além meia dúzia de vítimas (os famosos fumadores passivos)? Ah, Sou!
Mas tal como eles, acuso-me como um produto da sociedade. Lançam as redes depois marginalizam-nos por as termos agarrado e nos termos enredado nelas. Pior, tenho que pagar em euros para me matar, e em euros para me curar…. Já para não falar no que pago com o corpo.
Em pleno século XXI, sinto-me a bruxa do gato preto, prestes a ser lançada viva na fogueira, olhada de lado na rua por me ir matando no meu pequeno pecado, eu que nem tenho o hábito de passear pitbuls raivosos sem açaime e treinados para atacar ao mais leve pronunciar de uma palavra afectuosa, como “amor”.
E pelo o que conheço da vida, vão ser mordidas mais crianças até se fazer a caça aos cães sem açaime, que já deveria ter começado. Ou então façam uma caça aos aceleras, que eu até acho que deveriam ter licença especial de porte de arma. Por favor, eu também sou gente, vão caçar outro!
Mudam-se as bruxas, mudam-se as caças….os gatos pingados é que são sempre os mesmos.

Isabel Peres / 2004

As minhas letras

Ao enfrentar esta página em branco, recordei o dia em que miúda da 1ª classe, tive conhecimento das letras, mas ainda não sabia o que fazer com elas....

Depois à medida que fui tomando consciência das letras e das frases, descobri que aquelas 23 letras eram magia pura. Com elas eu conseguia pôr no papel todos os meus pensamentos, sentimentos, ideias soltas.

Adorei a ideia, e toda a minha vida escrevi.
Claro que nunca escrevi para um público, nem era essa a minha ideia, mas escrevi para mim, diários, folhas soltas, quando estava alegre, quando estava triste, ou simplesmente algo que me vinha à mente e sentia uma necessidade louca de escrever.

Escrevia para mim, sem revisões, medos de criticas, ou preocupada em demasia com os erros ortográficos. sem prazos ou obrigações.
E apesar de estar num blog, escrever é sinónimo de prazer, e é assim que continuo a enfrentar as folhas brancas.
Não tenho disciplina suficiente, eu sei.
Que fazer?! No entanto aceito os meus defeitos e minhas limitações.

Volto um dia destes, quando me apetecer, pode até ser daqui a bocado....ou não!

Isabel Peres

Vanessa Mae Storm

Emigrar...

Uma garota perguntou-me à dias, porque tinha saido do meu país , para emigrar...
Como se explica a uma criança? Como se explica a um adulto? Como se explica um sentimento, tão complexo, tão contraditório....que nos aperta o coração de dôr, e nos motiva para um futuro melhor.
Respondi que emigrar era dificil. -Dificil, porquê?
Pôxa, e eu que gosto sempre de satisfazer a curiosidade das crianças, porque acho saudável!!

Emigrar...-começei eu, sem saber por onde ia - Emigar é, já sei! Sabes quando vais a casa dos teus amigos?
-Sim, - respondeu ela - é bom.
-Eu sei, tu gostas, sentes-te lá bem, fazes coisas novas e diferentes, aprendes algo mais, é tudo novidade!! Mas à noitinha....queres voltar para a tua casa, porque é lá que te sentes 100% confortável, conheces o lugar das coisas de cor, sabes os hábitos e regras da casa, e é no teu quarto que te sentes seguro....

Emigrar é como estar sempre na casa dos outros, pode até ser divertido e aprender coisas novas....mas não é a nossa casa...
E estar sempre na casa dos outros fica desconfortável.

Isabel Peres

Fernando Pessoa

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa