Um Doce de Vida

Doces, que doces
Doces doces,
Doces que amargam

Doces, oh doces
Desembrulho um doce
Desembrulho outro

Este gosto, deste não gosto
Volto a pôr no cesto
Volto a escolher outro...

Doces da Vida, doces do caminho
Cada doce uma supresa,
Cada doce uma delicia
ou um trave amargo que disfarçamos

Com um novo Doce..
Doces, que doces
Doces doces
Doces que amargam..

Isabel Peres
19 Junho 2012

je fonce en tes profondeurs...
des beautes qui ne finissent pas...
les tiennes...tes chaleurs...de ton fond...
des vagues suivi de vagues
 

je me suicide pour naitre a nouveau encore...
...
entre tes Belles vagues...
j adore ton fond...
une saison nouvelle je vois en Toi...
 

des souffles de douceur...
horizon de tes yeux...
je ne cesse de te chercher parmi les points de ta peau...
tes souffles...
tes soupires

Yacine Ahmed

et çá continue....

just aux fins dus temps... 

dando a vida, tantas voltas
numa volta me encontrei de volta dada,
voltei para aqui, voltei para ali
e acabei voltando ao sitio,  de onde tinha voltado

numa dessas voltas
sem que pensasse mesmo em voltar
voltei-me...

sem que desse conta, e sem querer voltar a lado nenhum
acabei por voltar

volta daqui, volta dali
volta inteira a lado nemnhum

voltas e mais voltas
voltando sempre de onde voltei.




Isabel Peres 20 março 2012

C'est quoi la vie en rose....

c'est quoi la vie en rose sans le sucre de douleurs...
quel gout a le pain blanc sans les sueurs...


que vaut la rose sans sans les épines de fleurs...

et c'est quoi une blonde sans grains de rouceur...
et c'est qui la brune sans le regard de grandeur...
c'est quoi etre poéte sans etre menteur...

mais qu'elle musicien sans etre compositeur...
celui qui n'a connu le mal ne connaitera le bonheur...

Yacine Ahmed
Gosto de ler as tuas palavras
espalhadas, soltas, sem direcção
leio os silêncios delas, os vazios.

leio as respostas ás respostas
as perguntas ás perguntas
leio-as com sentido, e ás vezes sem as sentir
leio-as por ler, e leio o que quero ler
amarro-as a mim, no entanto sem as prender

Isabel Peres

Opss...

Opssss...já não vinha aqui há algum tempo. :)     



Decididamente, cada vez me sinto mais,  a vaguear na vida (....não, isso não é um problema para mim) ; pelo contrário, dá-me prazer.

Tenho a minha dose de gosto de rotina, aliás preciso dela.
Aventuras todos os dias, também vira rotina.
Mas rotina pura, mata lentamente, bem, à quem goste, e gostos não se discutem.

Quebro a minha, quando posso, como posso e me dá jeito.

Não me consigo imaginar a viver décadas sempre da mesma forma.
Tudo serve para quebrar rotinas, em caso desesperado, mudo os móveis.
E já me aconteceu, não ter mais como mudar os móveis de forma que me agradasse, e simplesmente mudei de casa!! ..a nova fica a 2 Km's da anterior.

 Et voilá!! De novo, aquele entusiamo de ver, fazer, arrumar, triar, encontrar ..(de novo), paronamica nova, cheiros novos, fotos novas, etc, etc...aquelas pequenas coisas que nos faz sentir bem.

Ainda não mudei os móveis por aqui, aliás, "poisei-os" e esqueci-me dos móveis temporáriamente.

Vou vivendo a minha rotina, deliciosamente...

Isabel Peres


O Silêncio - Aldo Novak

Pense em alguém que seja poderoso...
Essa pessoa briga e grita como uma galinha,
ou olha e silencia, como um lobo?

Lobos não gritam.
Eles têm a aura de força e poder.
Observam em silêncio.

Somente os poderosos,
sejam lobos, homens ou mulheres,
respondem a um ataque verbal com o silêncio.

Além disso, quem evita dizer tudo o que tem vontade,
raramente se arrepende por magoar alguém
com palavras ásperas e impensadas.

Exatamente por isso, o primeiro
e mais óbvio sinal de poder sobre si mesmo
o silêncio em momentos críticos.

Se você está em silêncio,
olhando para o problema,
 mostra que está pensando,
 sem tempo para debates fúteis.

Se for uma discussão que já deixou o terreno da razão,
quem silencia mostra que já venceu,
mesmo quando o outro lado insiste
em gritar a sua derrota.

Olhe. Sorria.

Silencie.

Vá em frente.

Lembre-se de que há momentos de falar
e há momentos de silenciar.

Escolha qual desses momentos é o correto,
mesmo que tenha que se esforçar para isso.

Por alguma razão, provavelmente cultural,
somos treinados para a (falsa) idéia
de que somos obrigados a responder
a todas as perguntas e reagir a todos os ataques.

Não é verdade !
Você responde somente ao que quer responder
e reage somente ao que quer reagir.

Você nem mesmo é obrigado a atender seu telefone pessoal.
Falar é uma escolha, não uma exigência, por mais que assim o pareça.

Você pode escolher o silêncio.
  Além disso, você não terá que se arrepender
    por coisas ditas em momentos impensados,
como defendeu Xenocrates,
    mais de trezentos anos antes de Cristo, ao afirmar:


"ME ARREPENDO DE COISAS QUE DISSE, MAS JAMAIS DO MEU SILÊNCIO".

Responda com o silêncio, quando for necessário.
Use sorrisos, não sorrisos sarcásticos, mas reais.

Use o olhar, use um abraço
 ou use qualquer outra coisa para não responder
em alguns momentos.

Você verá que o silêncio pode ser a mais poderosa das respostas.
E, no momento certo, a mais compreensiva e real delas







-

Tempo para tudo - Eclesiastes


Tudo neste mundo tem seu tempo;
cada coisa tem sua ocasião.

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.

Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.

Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.


-

Coisas que a vida ensina depois dos 40 anos

Artur de Távola

Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor se vive ou não.
Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.
Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para
mostrar ao homem o que é fidelidade.
Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.
As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.
Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.
Água é um santo remédio.
Deus inventou o choro para o homem não explodir.
Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.
Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.
A criatividade caminha junto com a falta de grana.
Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.
Amigos de verdade nunca te abandonam.
O carinho é a melhor arma contra o ódio.
As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.
Há poesia em toda a criação divina.
Deus é o maior poeta de todos os tempos.
A música é a sobremesa da vida.
Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.
Filhos são presentes raros.
De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.
Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que
abrem portas para uma vida melhor
O amor... Ah, o amor...
O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...

Afinidade

Arthur da Távola

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
O mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto, no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.

É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo sobre o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.

Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples
e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos
fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavra.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com.
Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar.
Ou quando é falar, jamais explicar, apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Só entra em relação rica e saudável com o outro,
quem aceita para poder questionar.
Não sei se sou claro: quem aceita para poder questionar,
não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é.
E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso.
Isso é afinidade.
Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita
o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.
Questionamento de afins, eis a (in)fluência.
Questionamento de não afins, eis a guerra.

A afinidade não precisa do amor. Pode existir com ou sem ele.
Independente dele. A quilômetros de distância.
Na maneira de falar, de escrever, de andar, de respirar.
Há afinidade por pessoas a quem apenas vemos passar,
por vizinhos com quem nunca falamos e de quem nada sabemos.
Há afinidade com pessoas de outros continentes a quem nunca vemos,
veremos ou falaremos.

Quem pode afirmar que, durante o sono, fluidos nossos não saem
para buscar sintomas com pessoas distantes,
com amigos a quem não vemos, com amores latentes,
com irmãos do não vivido?

A afinidade é singular, discreta e independente,
porque não precisa do tempo para existir.
Vinte anos sem ver aquela pessoa com quem se estabeleceu
o vínculo da afinidade!
No dia em que a vir de novo, você vai prosseguir a relação
exatamente do ponto em que parou.
Afinidade é a adivinhação de essências não conhecidas
nem pelas pessoas que as tem.

Por prescindir do tempo e ser a ele superior,
a afinidade vence a morte, porque cada um de nós traz afinidades
ancestrais com a experiência da espécie no inconsciente.
Ela se prolonga nas células dos que nascem de nós,
para encontrar sintonias futuras nas quais estaremos presentes.
Sensível é a afinidade.
É exigente, apenas de que as pessoas evoluam parecido.
Que a erosão, amadurecimento ou aperfeiçoamento sejam do mesmo grau,
porque o que define a afinidade é a sua existência também depois.

Aquele ou aquela de quem você foi tão amigo ou amado, e anos depois
encontra com saudade ou alegria, mas percebe que não vai conseguir
restituir o clima afetivo de antes,
é alguém com quem a afinidade foi temporária.
E afinidade real não é temporária. É supratemporal.
Nada mais doloroso que contemplar afinidade morta,
ou a ilusão de que as vivências daquela época eram afinidade.
A pessoa mudou, transformou-se por outros meios.
A vida passou por ela e fez tempestades, chuvas,
plantios de resultado diverso.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças,
é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas,
quantos das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação do ponto em que parou,
sem lamentar o tempo da separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais,
a expressão do outro sob a forma ampliada e
refletida do eu individual aprimorado.




_

A Lei de Murphy

A famosa Lei de Murphy explicada de uma forma tão prática.







Aiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!
Mais informações sobre esta Lei :....Só o Google Salva. Amén.



-

O Principio do Vazio

De tempos em tempos, é necessário...

Dai que:
Faço uma limpeza geral !!

Avalio o que é realmente importante e útil, e desembaraço-me do que é supérfulo.
Até para não guardar coisas que não servem para nada.

De forma a que consiga me libertar de pesos excessivos e desnecessários.
A última coisa que queremos é acumular "problemas" em excesso e sem solução.

Para não conhece, fica aqui o video, para  pensar...e talvez aplicar.






-

Sorte ou Azar

Era uma vez um menino pobre que morava na China e estava sentado na calçada do lado de fora da sua casa. O que ele mais desejava era ter um cavalo, mas não tinha dinheiro.
Justamente nesta dia passou em sua rua uma cavalaria, que levava um potrinho incapaz de acompanhar o grupo. O dono da cavalaria, sabendo do desejo do menino, perguntou se ele queria o cavalinho. Exultante o menino aceitou.
Um vizinho, tomando conhecimento do ocorrido, disse ao pai do garoto:
- "Seu filho é de sorte!"
- "Por quê?", perguntou o pai.
- "Ora", disse ele, "seu filho queria um cavalo, passa uma cavalaria e ele ganha um potrinho. Não é uma sorte?"
-"Pode ser sorte ou pode ser azar!", comentou o pai.
O menino cuidou do cavalo com todo zelo, mas um dia, já crescido, o animal fugiu.
Desta vez, o vizinho diz: "
-Seu filho é azarento, hein? Ele ganha um potrinho, cuida dele até a fase adulta, e o potro foge!"
- "Pode ser sorte ou pode ser azar!", repetiu o pai.

O tempo passa e um dia o cavalo volta com uma manada selvagem. O menino, agora um rapaz, consegue cercá-los e fica com todos eles.
Observa o vizinho:
- "Seu filho é de sorte! Ganha um potrinho, cria, ele foge e volta com um bando de cavalos selvagens."
-"Pode ser sorte ou pode ser azar!", responde novamente o pai.
 Mais tarde, o rapaz estava treinando um dos cavalos, quando cai e quebra a perna. Vem o vizinho:
-"Seu filho é de azar! o cavalo foge, volta com uma manada selvagem, o garoto vai treinar um deles e quebra a perna."
- "Pode ser sorte ou pode ser azar!", insiste o pai.

Dias depois, o reino onde moravam declara guerra ao reino vizinho. Todos os jovens são convocados, menos o rapaz que estava com a perna quebrada. O vizinho:
-"Seu filho é de sorte..."

Assim é na vida, tudo que acontece pode ser sorte ou azar.
Depende do que vem depois.
O que parece azar num momento, pode ser sorte no futuro.

Dr. Lair Ribeiro
Do livro: O Sucesso não Ocorre por Acaso

A Massacrante Felicidade dos Outros

por : Martha Medeiros, Jornalista e Poeta.

Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coissíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Há no ar um certo queixume sem razões muito claras.

Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: ‘Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento’ .

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.

Ao amadurecer, descobrimos que estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados pra consumo externo.

‘Todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores, social e filosoficamente corretos. Parece que ninguém, nenhum deles, nunca levou porrada. Parece que todos têm sido campeões em tudo’.

Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas tem.

Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia.

Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?

Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Será bom só sair de casa com alguém todo tempo na sua cola a título de segurança? Estarão mesmo todas essas pessoas realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está em casa, lendo, desenhando, ouvindo música, vendo seu time jogar, escrevendo, tomando seu uisquinho?

Tenha certeza que as melhores festas acontecem sempre dentro do nosso próprio apartamento.





Acontecimentos

Eu espero um acontecimento só que quando anoitece
Festa no outro apartamento
Todo amor vale quanto brilha, aí e o meu brilhava
Brilho de jóia e de fantasia
Que há com nós o que que há
Com nós dois amor me responda depois
Me diz por onde você me prende por onde foge
E o que pretende de mim
Era fácil nem dá pra esquecer aí, e eu nem sabia
Como era feliz de ter você
Como pode queimar nosso filme
Um longe do outro morrendo de tédio e de ciúme
O que é que há com nós
O que é que há com nós dois amor me responda depois
Me diz por onde você me prende, por onde foge
E o que pretende de mim
Eu espero, como pode queimar nosso filme

La beauté d'Ava Gardner




O Mais Belo Animal do Mundo

Excursão de Cátia Vanessa.

Redação:

Fui ver a Torre Eiffel, e ia já quase a chegar, quando tropeçei numa pedra, que era demasiado pequena para ver, e demasiado grande, porque me aleijei. Danada, praguejei e foi quando vi que estava um papel arrastado pelo vento, preso na pedra. De inicio parecia-me uma nota de 500€ , e por isso o apanhei, mas não era a conta de um restaurante.
Lembrei-me logo da últma vez que fui ao restaurante, e nem vou esquecer tão depressa porque comi um bacalhau muito bom, daqueles que nem a minha mãe faz, que se limita a cozer com batatas, e couves. E se não for o fio de azeite a disfarçar, o bacalhau fica quase sem gosto. Apesar que já lhe terdado uma receita que passaram naquele programa português, que dá mesmo antes do telejornal, que me irrita porque nunca mais acaba e fico uma data de tempo, a ver noticias parvas, à espera da minha telenovela favorita.
Aquela, onde entra a actriz muito conhecida que tem 2 filhos do jogador de football, e que se divorciaram no ano passado porque saiu umas fotos dele com uma modelo nas revistas.
Por acaso, gosto muito dela, já quando fazia de gémeas, na outra telenovela, e fazia uma má e outra boazinha. Quando ela fazia de gémea má lembrava-me sempre duma vizinha minha, por causa da roupa e do corte de cabelo. Adorava quando ela se vestia toda de saia e casaco da mesma cor, acho que chamam de taileur!! Não sei, mas a minha vizinha veste-se igual, e lembra-me a muito gémea má, se bem que de feitio não se parecem nada.
A minha vizinha até é simpática. Foi ela que me reservou o lugar nesta excursão para ver a Torre Eiffel!!! É tão alta!!!!


Texto de Isabel Peres

Vou, ou talvez não.

Vou fechar os olhos e sonhar que sou o vento, um raio de sol e tocar ao de leve cada criatura, cada pedra, cada nuvem, cada sombra que passar por mim.
Senti-las uma a uma, até entender que passarei uma vida até conseguir tocar em todas, e que será algo que farei, mesmo que não queira, ou esteja cansada demais para o fazer.

Vou fechar os olhos e  vou imaginar que está tudo bem em cada ser que se cruza por ai, e que cada sorriso é dado com prazer, e cada abraço é real e sentido.
Que cada minuto mal vivido, é recuado no espaço por artes mágicas, em que sentimos desaparecer o Mundo até os nossos olhos se fixarem no que aconteceu de errado, com o pensamento angustiante de como é que eu faço? E é sempre seguido, obrigatóriamente por aquela sensação de que afinal não era nada.   

Vou fechar os olhos e respirar fundo e sonhar que todos os males cabem na minha mão, fechá-la com tanta força, até cerrar as minhas próprias unhas na minha própria carne até fazer sangue, enquanto o meu coração sorri levemente, e o meu cérebro inventa uma forma de encerrar definitivamente esse mesmo mal, talvez na lâmpada do génio,que enterrarei naquele Jardim Maldito, que ninguém procura para passear. E que ervas daninhas a escondam tão profundamente que as raizes das àrvores centenárias não as consigam alcançar.

Vou fechar os olhos e projectar-me noutra realidade, noutra dimensão, e correr tão velozmente de encontro ao que  desejo, que serei obrigada a fugir do que não desejo.
Que a velocidade da luz  me dê boleia, até encontrar um planeta que esteja fora do alcançe dos buracos negros.

Vou fechar os olhos e apanhar todos os malmequeres do Mundo, até não haver um espaço nos meus braços, e em todos os braços.
Em que tenhamos todos de baixar levemente a cabeça para nos cumprimentar-nos, num gesto digno e humilde, de quem diz estou aqui, por nós todos.   

Vou fechar os olhos e gritar tão alto, que ninguém ouvirá mais nada, até as ondas dos Oceanos, pararem de bater nas areias e rochas, suspensas no ar, e o meu grito se desfiar num leve gemido, que eu mesma não consiga ouvir.

Vou fechar os olhos e observar todas os rostos, até encontrar o mais doce de entre eles, que consiga me dar a doce ilusão que a vida é realmente bela e todas as lutas têm um real sentido e uma real lição para um futuro melhor.
E que quando esse futuro chegar, eu ainda tenha forças para aplicar as lições aprendidas, sem que permaneçam apenas na gaveta das memórias esquecidas, das experiências adquiridas, mas que ninguém quer ouvir ou realmente saber, ficando lições essas, gravadas na minha carne que desaparecerá mais depressa do que o tempo que precisei para tirar um real sentido da aprendizagem.

Vou fechar os olhos e sonhar que que na prática os bons são recompensados, e os maus castigados, e que a nossa história terá um final parecido com aquele filme, que já vimos centenas de vezes, porque é assim que
imaginamos um desfecho para nós mesmos. E o genérico faz com que as letras dançem ao som daquela música que nos toca bem cá dentro.

Vou fechar os olhos e imaginar que todas as crianças sorriem como gostamos de as ouvir, e que os seus choros sejam apenas de pequenas quedas, joelhos  roçados. E sonhar que todas as mães sabem exactamente o que fazer, em qualquer tipo de situação, com toda a ternura e calma do mundo, como as gravuras gostam de as representar, e que consigam fazer com que os seus petizes cresçam, sem que digam uma única vez, que a culpa de coisas mais disparatadas, seja da mãe.

Vou fechar os olhos....vou.... somente fechá-los.

Texto de Isabel Peres                                                                     

Feliz do Homem....

...que sabe valorizar a mulher...
Este sim, pode chamá-la de sua, não pelo sentimento de posse,
 mas por ela não querer ser de mais ninguém...




A minha vida é um livro aberto

A minha vida é um livro aberto, no qual, cada dia é mais supreendente que outro.

Algumas páginas, escrevi e apaguei tanto, que achei melhor arrancar...

Outras, enchi-as de desenhos: corações, pássaros multicolores e dragões.
Não têem nada para ler, mas são tão cheias de cor, que acabo por parar a apreciá-las.

Depois vezes houve, resolvi deixar páginas sem nada escrito.
Escrevia, escrevia, mas as palavras que escrevia eram tão dolorosas, que a tinta,em forma de lágrima escorria...

Para não falar das que deixei propositadamente em branco.
Tão grande era o vazio.

Tenho um capitulo, em que falo só de Maternidade. Do que pensei escrever, ainda só vou em metade.

Em algumas páginas, resolvi acrescentar com poesias e textos de autores vários.
Tinham uma sabedoria tão grande, que além de aprender com eles, foi uma forma de lhes prestar homenagem.
A eles, o meu obrigada por me ensinarem algo, que sem a sua sabedoria, não teria chegado a escrever um livro tão cheio.

Continuo a escrever o meu Livro.

Se tu passaste pela minha vida, então existe uma página dedicada somente a ti.
Com um beijo no fim. Bé


Texto de Isabel Peres

Só vou gostar de quem gosta de mim - Caetano Veloso

Esta é uma música que me acompanhou quase a vida toda, já esqueci por quem chorava, mas recordo até hoje ...que só devo gostar de quem gosta de mim.
E é mais importante que me mostre, com atitudes, do que me diga....

De hoje em diante
Eu vou modificar
O meu modo de vida
Naquele instante
Em que você partiu
Destruiu nosso amor
Agora não vou mais chorar
Cansei de esperar
De esperar enfim
E prá começar
Eu só vou gostar
De quem gosta de mim...

Não quero com isso
Dizer que o amor
Não é bom sentimento

A vida é tão bela
Quando a gente ama
E tem um amor

Por isso é que eu vou mudar
Não quero ficar
Chorando até o fim
E prá não chorar
Eu só vou gostar
De quem gosta de mim...

Não vai ser fácil
Eu bem sei
Eu já procurei
Não encontrei meu bem
A vida é assim
Eu falo por mim

Pois eu vivo sózinho...

A Vida é feita de gestos, feitos para se sentir, existem palavras suficientes para a descrever?!

Entre lágrimas e risos. Entre paixões e desgostos.
Entre amar profundamente e um coração feito de gêlo e em pedaços.

Entre partidas e chegadas, perdas e ganhos, lutas e desistências.

Entre dar e receber, dar e nada receber, não dar e receber quase tudo.
Entre um mimo e um grito surdo.
Uma emoção de apertar o peito,
e um olhar gélido, frio, parado no espaço e no tempo.

Entre um gesto de amizade,e outro de amor, de encher os olhos de lágrimas, e um virar de costas que deixa uma pessoa suspensa.
Entre a boa noticia, e um esperar deseperado, por um olhar, por um carinho, por um abraço, uma palavra, tempos e tempos indefinidos.

Entre um caminhar rápido, e um ficar sentada meses a fio, a olhar o vazio, ou a ver o Mundo pela janela.
Entre jogar Roleta Russa, e fazer o milagre da Vida...

Entre uma manhã e uma tarde, tudo muda, tudo ama, tudo morre e tudo nasce.

A Vida é um fim de tarde, aconchegado numa lareira depois de um dia de Tempestade...

A Mulher Selvagem

De: Ricardo Kelmer 2004 – blogdokelmer.wordpress.com


Ela anda enjaulada, é verdade. Mas continua viva na alma das mulheres     


Sua beleza é arisca, arredia aos modismos. Ela encanta por um não-sei-quê indefinível… mas que também agride o olhar. É um tipo raro e não tem habitat definido: vive em Catmandu, mora no prédio ao lado ou se mudou ontem para Barroquinha. E não deixou o endereço. É ela, a mulher selvagem.

Em quase tudo ela é uma mulher comum: pega metrô lotado, aproveita as promoções, bota o lixo para fora e tem dia que desiste de sair porque se acha um trapo. Porém em tudo que faz exala um frescor de liberdade. E também dá arrepios: você tem a impressão que viu uma loba na espreita. Você se assusta, olha de novo… e quem está ali é a mulher doce e simpática, ajeitando dengosa o cabelo, quase uma menininha. Mas por um segundo você viu a loba, viu sim. É a mulher selvagem.

A sociedade tenta mas não pode domesticá-la, ela se esquiva das regras. Quando você pensa que capturou, escapole feito água entre os dedos. Quando pensa que finalmente a conhece, ela surpreende outra vez. Tem a alma livre e só se submete quando quer. Por isso escolhe seus parceiros entre os que cultuam a liberdade. E como os reconhece? Como toda loba, pelo cheiro, por isso é bom não abusar de perfumes. Seu movimento tem graça, o olhar destila uma sensualidade natural… mas, cuidado, não vá passando a mão. Ela é um bicho, não esqueça. Gosta de afago mas também arranha.

Repare que há sempre uma mecha teimosa de cabelo: é o espírito selvagem que sopra em sua alma a refrescante sensação de estar unida à Terra. É daí que vem sua força e beleza. E sua sabedoria instintiva. Sim, ela é sábia pois está em harmonia com os ritmos da Natureza. Por isso conhece a si mesma, sabe dos seus ciclos de crescimento e não sabota a própria felicidade. Como todo bicho ela respeita seu corpo mas nem sempre resiste às guloseimas. Riponga do mato, gabriela brejeira? Não necessariamente, a maioria vive na cidade. E há dias paquera aquele pretinho básico da vitrine. E adora dançar em noite de lua. Ah, então é uma bruxa… Talvez, ela não liga para rótulos. Sabe que a imensidão do ser não cabe nas definições.

Mulheres gostam de fazer mistério. Ela não, ela é o mistério. Por uma razão simples: a mulher selvagem sabe que a vida é uma coisa assombrosa e perfeita e viver é o mais sagrado dos rituais. Ela sente as estações e se movimenta com os ventos, rindo da chuva e chorando com os rios que morrem. Coleciona pedrinhas, fala com plantas e de uma hora para outra quer ficar só, não insista. Não, ela não é uma esotérica deslumbrada mas vive se deslumbrando: com as heroínas dos filmes, aquela livraria nova, um presente inesperado… Ela se apaixona, sonha acordada e tem insônia por amor. As injustiças do mundo a angustiam mas ela respira fundo e renova sua fé na humanidade. Luta todos os dias por seus sonhos, adormece em meio a perguntas sem respostas e desperta com o sussurro das manhãs em seu ouvido, mais um dia perfeito para celebrar o imenso mistério de estar vivo.

Ela equilibra em si cultura e natureza, movendo-se bela e poética entre os dois extremos da humana condição. Ela é rara, sim, mas não é uma aberração, um desvio evolutivo. Pelo contrário: ela é a mais arquetípica e genuína expressão da feminilidade, a eterna celebração do sagrado feminino. Ela está aí nas ruas, todos os dias. A mulher selvagem ainda sobrevive em todas as mulheres mas a maioria tem medo e a mantém enjaulada. Ela é o que todas as mulheres são, sempre foram, mas a grande maioria esqueceu.

Felizmente algumas lembraram. Foram incompreendidas, sim, mas lamberam suas feridas e encontraram o caminho de volta à sua própria natureza. Esta crônica é uma homenagem a ela, a mulher selvagem, o tipo que fascina os homens que não têm medo do feminino. Eles ficam um pouco nervosos, é verdade, quando de repente se vêem frente a frente com um espécime desses. Por isso é que às vezes sobem correndo na primeira árvore. Mas é normal. Depois eles descem, se aproximam desconfiados, trocam os cheiros e aí… Bem, aí a Natureza sabe o que faz.


Sei o que sei, não sei o que não sei.

*****

Sabias que, querendo tu saber, ficarás a saber que nada sei, e o que sei, não quero que saibas.

E o que tu sabes, eu sei que não sabes que sei.
E sei, que sabes que eu sei, mas ficarás sem saber, afinal, o que realmente sei.
Se sei mais ou se não sei nada, se sei, ou se penso que sei, mas não sei.

E ficamos os dois, sem saber o que sabemos.
Eu nada sei, tu nada sabes, mas ambos sabemos tudo.
Só não sabemos o que cada um sabe.




Isabel Peres

Charles Aznavour - Isabel

Adoro ouvir Charles Aznavour a cantar...
.... e adoro o meu nome.
Só vou fechar os olhos e sonhar que se parece com George Clooney...hihihi..  

Revolução dos Cravos 25 de Abril 1974

Dizem que a História repete-se, bem fico à espera....

A propósito, e tu ? Onde estavas no 25 de Abril de 74 ?
Na rua, a festejar ?...ou nem por isso....


Emigrar é...


Olharem para ti de lado, porque o que não compreendemos, é porque é mau...
Acharem que se tiveste que sair do teu país, é porque lá não estavas bem, então se calhar o erro estava em ti...afinal ficaram lá os outros todos....
Não compreenderem que podes até falar mal a lingua do país de acolhimento, mas não sabem, que falas bem, correctamente e educadamente a tua lingua de origem....e uma má linguagem está sempre associada a uma má educação....
Não compreenderem que não saberem nada do teu passado, e não existirem pessoas que "provem" a tua boa conduta, não significa que tiveste uma má....
Não compreenderem que a ansiedade de voltar ao país de origem, não é porque no fundo não aceitamos o país de acolhimento, com as suas regras, tradições e hábitos, é porque significa "voltar um pouco à infânçia", ao porto seguro...
Esforçares-te por te conhecer e fazeres parte da nova cultura, mas sempre vem alguém que te "lembra" que és de fora....e isso cansa. Fecha-nos.
Que para te sujeitares a fazer serviços "menos dignos" , é porque és muito necessitado, e os necessitados....são capazes de tudo!!!
É deixares a tua mala semi-aberta, e apanhares alguém a remexê-la
....sabe se lá do que esta gente é capaz!!!
Afinal, são de fora.....

Porque emigramos? Porque no fundo, existe em nós um pouco de criança, ainda sonhamos alcançar um futuro melhor, mais tranquilo, uma vida mais doce.
Porque sonhar sem acção não é suficiente.
Porque temos força, para mudar uma existência inteira, em prol desse sonho.
Este é um texto de uma portuguesa que está fora do país, mas que podia muito bem ter sido escrito, por um qualquer emigrante, daqueles que estão em Portugal....

Isabel Peres / Abril 2010

Hotel Lisboa - Oito em ponto, dezasseis e trinta

A grande fachada do hotel é nova e reflecte a luz do dia. As grandes vidraças da recepção têm algo apelativo. A calma que o Hall atapetado faz transparecer é genuína e condiz com o sorriso da recepcionista, impecável na sua farda saia-casaco vermelhas e blusa branca. Mas a calma fica por aí...
Numa entrada mais abaixo, discreta e tão sombria quanto pode ser a entrada de uma garagem, há um gotejar de pessoas que vão chegando e picando o cartão no relógio de ponto, quase a única prova de que foram trabalhar. Num edifício com dez andares à superfície e mais cinco subterrâneos podem passar-se dias inteiros sem que vejamos colegas de trabalho!

O ponto de convergência é no conhecido “-2”. Primeiro porque é onde está o relógio de ponto, e depois porque além da lavandaria, é onde fica o refeitório, o gabinete da governanta e a rouparia, responsável esta pela limpeza e engomagem de fardas e roupa de todo o pessoal do hotel, da cozinha à pastelaria, da recepção aos bagageiros, e ainda dos restaurantes, cafés e empregadas de quartos.

Uma grande maioria dos empregados do hotel entra às 8h., como eu. E com o aproximar da hora é a correria no “-2”. O veste e despe fardas, batas, camisas, saias e casacos. O corredor é pequeno e o refeitório torna-se a sala de convívio para dois dedos de conversa entre o pão com manteiga e o gole de leite com café. Os vestiários são logo ali ao lado.

Às 8h., já estamos a iniciar as tarefas habituais: ligar máquinas, o ferro de engomar, pôr roupa a lavar. A governanta distribui tarefas e andares pelas empregadas de quartos. Recolhe-se roupa de clientes para limpeza a seco...

Na rouparia distribuo lençóis, fronhas, toalhões de banho e de rosto. Pedem-me panos do pó, panos de cozinha, aventais e guardanapos. Vou distribuindo roupa durante as oito horas de trabalho, passando e distribuindo, distribuindo e cosendo.

A lavandaria é mesmo ao lado, oiço as minhas colegas mas não as vejo, tenho que me dirigir à porta que está sempre aberta e pedir:- “Preciso de guardanapos de restaurante! ”- grito eu, com uma entoação bem longe do “exijo”, que a confiança de cinco meses não permite...-“Vamos já passá-los na calandra... ”Calandra?! Nome até bem suave para um monstro de rolo horizontal gigante em que os lençóis entram abertos por um lado e saem passados pelo outro. É só dobrar! São precisas duas colegas e os gestos sistemáticos e ritmados com que o fazem, lembram uma dança medieval, como se fossem fitas e não lençóis.

As pilhas de roupa são separadas, lençóis para um lado, toalhas para o outro, e as máquinas de lavar são carregadas a quatro mãos, para facilitar a tarefa!!!

Nos corredores dos pisos dos quartos evita-se o barulho, mas a correria é igual, apenas as alcatifas abafam os passos apressados. Desmancham-se camas, substituem-se toalhas, lavam-se banheiras, aspira-se o chão, tudo é vistoriado ao ínfimo pormenor. Um cabelo no lavatório dá direito a reclamação.

De vez em quando uma empregada de quarto desce à rouparia para pedir mais toalhas ou lençóis. Entre dentes pragueja baixinho: - O cliente do 707 não sai do quarto, e não vejo que vá sair tão depressa. Quero arrumá-lo e não posso! ”Pergunto-me como saberá ela que o cliente não vai sair tão depressa, mas convenço-me que são segredos da profissão e não faço perguntas. Limito-me a encolher os ombros e a responder o que oiço às mais velhas: - “Está de chuva, eles custam a sair!”

Num piscar de olhos, até porque as manhãs passam depressa, é meio-dia. Hora de almoço. Oh! Trinta minutos sagrados...mas a correria é igual à da hora de serviço. Relógio de ponto, fila para o refeitório, quinze minutos para almoçar, beber o café na rua e fumar três cigarros em trinta minutos requerem um treino especificado. Às vezes ainda sobram três minutos para telefonar...Outras vezes chego três minutos atrasada!

E, geralmente é quando estou atrasada e ainda me encontro no vestiário que alguém precisa de algo urgente. E estou a fechar o cacifo quando oiço chamar pelo meu nome da porta do vestiário, respondo: - “Sim? Quem é?! Mas nem dou tempo de responderem. É a senhora dos Recursos Humanos. Evita ao máximo entrar no vestiário das mulheres, a simpatia e o sorriso de boas-vindas dura apenas a primeira semana dos novos empregados, depois quando algum de nós é chamado ao seu escritório fora dos últimos dias do mês, para assinar os recibos, é sempre com a sensação “de que vamos levar nas orelhas” que subimos ao seu escritório.

Mas afinal, naquele momento, a senhora só precisa de uma farda nova para uma empregada que vai entrar na copa. É a terceira rapariga em um mês.Com ares de “veterana” perante a recruta, tiro-lhe as medidas e arrisco uma jaleca 46 e umas calças médias, mas como na realidade só estou no emprego há dois meses, erro tudo. A jaleca é 44 e as calças são das mais pequenas. Não me mostro constrangida: -“É que a moça engana, não parece tão magra....”

E a empregada nova, com aquele ar de empregada nova: - quieta, gentil e atenta -, acaba por levar as duas medidas: as certas e as sugeridas, não vá o diabo tecê-las e não agradar por teimosia.

A tarde corre e nós com ela. Desejamos que já fosse hora de saída e desejamos que fosse um pouco mais cedo para termos a certeza que há tempo para fazer tudo o que falta.

As empregadas de quarto descem com listas de roupa que precisam, e enchem os carrinhos com lençóis, toalhões, toalhas de rosto, de bidé, fronhas, ect., ect.. Tudo para estar pronto no dia seguinte.

Ainda é preciso verificar os mini-bares, abrir camas e deixar chocolates.

Na lavandaria a roupa para lavar nunca se esgota, mas é preciso passar toda a que secou. Ponho perto do ferro de engomar as cinquenta camisas que terei de passar, no dia seguinte.

O pessoal da pastelaria também se prepara para sair e pedem jalecas, calças e toalhas para o banho.

Quando saímos, o corre-corre do hotel continua. Eu sei que continua, apenas é invisível para mim.

E entendo o que o cliente comum sente em relação a nós!

Isabel Peres / Janeiro 2003

Prece da Nossa Senhara da Asneira

Prece da Nossa Senhara da Asneira

Indicado para quando se fez uma asneira, ou se cometeu uma gafe terrivel.

Exemplo prático:
 Dar os parabéns a uma senhora, acompanhado de um enorme sorriso, dizendo:
- Parabéns!! Não sabia que estava grávida!!
Resposta pronta e seca:
- Não, não estou!!
obs. : Odeio a moda das túnicas!!

Se não souber como sair da situação, "reze" esta prece.
Acompanhe com um ar de espanto,  um ligeiro sorriso timido a bailar nos lábios, uma música  que se chama: O silêncio ouve-se bem... e repete até estares bem afastada da situação:

- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!
- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!
- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!
- Deixa, um dia vais rir disto,... mas esse dia não é hoje!!............

Isabel Peres

Um dia você aprende… – Willian Shakespeare

Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança ou proximidade. E começa aprender que beijos não são contratos, tampouco promessas de amor eterno. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos radiantes, com a graça de um adulto – e não com a tristeza de uma criança. E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, pois o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, ao passo que o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.

Depois de um tempo você aprende que o sol pode queimar se ficarmos expostos a ele durante muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe: algumas pessoas simplesmente não se importam… E aceita que não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferí-lo de vez em quando e, por isto, você precisa estar sempre disposto a pedoá-la.

Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva um certo tempo para construir confiança e apenas alguns segundos para destruí-la; e que você, em um instante, pode fazer coisas das quais se arrependerá para o resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e que, de fato, os bons e verdadeiros amigos foram a nossa própria família que nos permitiu conhecer. Aprende que não temos que mudar de amigos: se compreendermos que os amigos mudam (assim como você), perceberá que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou até coisa alguma, tendo, assim mesmo, bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito cedo, ou muito depressa. Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que verdadeiramente amamos com palavras brandas, amorosas, pois cada instante que passa carrega a possibilidade de ser a última vez que as veremos; aprende que as circunstâncias e os ambientes possuem influência sobre nós, mas somente nós somos responsáveis por nós mesmos; começa a compreender que não se deve comparar-se com os outros, mas com o melhor que se pode ser.

Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se deseja tornar, e que o tempo é curto. Aprende que não importa até o ponto onde já chegamos, mas para onde estamos, de fato, indo – mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar servirá.

Aprende que: ou você controla seus atos e temperamento, ou acabará escravo de si mesmo, pois eles acabarão por controlá-lo; e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa o quão delicada ou frágil seja uma situação, sempre existem dois lados a serem considerados, ou analisados.

Aprende que heróis são pessoas que foram suficientemente corajosas para fazer o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências de seus atos. Aprende que paciência requer muita persistência e prática. Descobre que, algumas vezes, a pessoa que você espera que o chute quando você cai, poderá ser uma das poucas que o ajudará a levantar-se. (…) Aprende que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido: simplesmente o mundo não irá parar para que você possa consertá-lo. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante você mesmo seu jardim e decore sua alma – ao invés de esperar eternamente que alguém lhe traga flores. E você aprende que, realmente, tudo pode suportar; que realmente é forte e que pode ir muito mais longe – mesmo após ter pensado não ser capaz. E que realmente a vida tem seu valor, e, você, o seu próprio e inquestionável valor perante a vida.

Um dia atrás do outro..

Madrugada.... sim, são 8:30 da manhã e deveria estar a dormir e como não estou, é de madrugada!

Para ocupar o meu tempo, resolvi escrever. São estes impulsos que me dão sabor à vida, estes e todos os pequenos detalhes imprevistos:

Explico a minha semana, e verão que escrever às 8:30 da manhã, não é nada estranho, se comparármos com o resto!
Terça: Informo a familia, que por motivos bem pessoais, alterei todo o plano de férias...e com isso alterei os planos pessoais de umas 5 pessoas. Não o fiz por maldade gratuita, mas tem momentos na vida de uma pessoa que temos que pensar em nós, se mesmo que com essas decisões, corramos o risco de ser apelidadas de egoistas, - ( para além de outros nomes menos próprios que dispenso reproduzir) - contra o peso da nossa consciência tranquila.

Quarta: Aquele "barulhinho" estranho, que identifico no meu carro já faz 2 semanas, na prática revela-se: Cai o tudo de escape, e devo acrescentar que é a minha viatura de trabalho, e com ele faço uns 5 ou 6 trajectos por dia, que se tornam no meu ordenado ao fim do mês.... pensei em chorar, mas tinha maquilhagem e achei que não seria bonito uma mulher na beira da estrada, sem tubo de escape, e pior, com a maquilhagem borrada!

Quinta: A minha bilha de gaz, que durou 9 meses- só serve para o fogão, e isso diz muito de mim como cozinheira- acaba. Não tenho carro para ir buscar outra, e não, não tenho 2ª bilha, por razões que não vêem à conversa....acho que a que tinha emprestei numa urgência a uma amiga, que entretanto também ficou sem carro, e não a pode trazer de volta!

Sexta: O encontro que tinha marcado, foi desmarcado em cima da hora. Também tinha maquilhagem......e esqueci de comprar os anti-depressivos, companheiros indespensáveis nestas semanas!

Para completar o quadro, tenho uma filha precoce, (acha que está na adolescênçia com 9 anos e usa a minha maquilhagem toda!!!), e o pior de tudo: a minha máquina de lavar roupa é em 2ª mão!!! Exite algo mais trágico que tratar a máquina de lavar roupa com o mesmo carinho com que se trata um bébé de 10 meses?

Quando tenho uma semana assim, acabo sempre por não chorar, porque no 3º incidente, começo a achar tudo tão estranho, que quase me convenço que entrei noutra dimensão. Numa dimensão que continuamos a ter que nos dirigir para o trabalho...
Espero o fim-do-mês, para ter dinheiro para a peça do tubo de escape nova,  e devo dizer que o meu Opel está bem racing, se a policia me parar e me disser que me falta o tubo de escape, vou responder que não é verdade, ele não falta.....está é no porta-bagagens!

O que me mais agrada neste quadro, é que daqui a 2 meses terei outros problemas, parecidos, mas outros!!!

E quem não souber deste detalhe, borra a maquilagem.

Isabel Peres / 2009

Caça às Bruxas

É incrível a necessidade que o ser humano tem de, mesmo à medida que vai evoluindo, de fazer caça-às-bruxas.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, e deveria acrescentar, mudam-se os requintes e as tecnologias…
Desde os tempos mais famosos das, literalmente falando, caça às bruxas na Idade Média, o gostinho pela actividade ficou, e se ainda não foi instituído desporto mundial, é porque existem atitudes paralelas com nomes de, por exemplo, “politicamente correcto”, (que não é mais do que um livro de etiqueta alargado para fora das festinhas vip’s, sem qualquer respeito pela “opinião pessoal”; opinião essa que correcta ou incorrecta, não tem qualquer validade.)
As Idades foram mudando de nome, as bruxas foram queimadas vivas, mas as caças continuaram. Eu não acredito em caças, mas que elas há, há….
Os meus conhecimentos de História não são maiores que os da maioria da população, por isso devem saber do que eu estou a falar quando refiro a caça às bruxas nos E.U.A., nos anos 50, e agora até já posso dizer a palavra: comunistas. Comunistas! (Foi só para ter a certeza de que ainda podia dizer.)
Com a queda do muro de Berlim, e os próprios a passar à História, achou-se que já não eram uma ameaça, e a palavra pôde entrar nos circuitos de conversação, como politicamente correcta e até aceitável falar deles, desde que acompanhada de três reticências e uma expressão que sugira “passado”.
Para além das caças aos grupos de minoria étnica, das caças de ordem religiosa ou política, até às caças aos grupos mais vulneráveis que começaram com o apedrejamento dos toxicodependentes, mas que à medida em que cada lar começou a ter o “seu” já era mais desconfortável apedrejar os outros, sem que o “nosso” escapasse ileso sem mais uma pedrada na cabeça. Então, deixaram de ser encarados como os Demónios da Tasmânia e Arredores, e passaram a ser os coitadinhos, e até ser politicamente correcto aceitá-los como doentes, de uma doença não contagiosa mas que se pega a uma velocidade contagiante, e deve-se ajudar com amor e compreensão, mas a uma distância segura, na ordem dos cinco metros.
Mas a evolução não pára, (nem pára e à vezes parece que nem evolui…), os métodos é que se vão refinando e as caças agora tem de ter um suporte legal. Primeiro faz-se a lei e legaliza-se a caça.
Posso assegurar, que nesta década, se iniciaram duas caças: uma aos terroristas, e a outra…. aos fumadores!
Serei uma taliban urbana, suicida e pronta a levar comigo para o Além meia dúzia de vítimas (os famosos fumadores passivos)? Ah, Sou!
Mas tal como eles, acuso-me como um produto da sociedade. Lançam as redes depois marginalizam-nos por as termos agarrado e nos termos enredado nelas. Pior, tenho que pagar em euros para me matar, e em euros para me curar…. Já para não falar no que pago com o corpo.
Em pleno século XXI, sinto-me a bruxa do gato preto, prestes a ser lançada viva na fogueira, olhada de lado na rua por me ir matando no meu pequeno pecado, eu que nem tenho o hábito de passear pitbuls raivosos sem açaime e treinados para atacar ao mais leve pronunciar de uma palavra afectuosa, como “amor”.
E pelo o que conheço da vida, vão ser mordidas mais crianças até se fazer a caça aos cães sem açaime, que já deveria ter começado. Ou então façam uma caça aos aceleras, que eu até acho que deveriam ter licença especial de porte de arma. Por favor, eu também sou gente, vão caçar outro!
Mudam-se as bruxas, mudam-se as caças….os gatos pingados é que são sempre os mesmos.

Isabel Peres / 2004

As minhas letras

Ao enfrentar esta página em branco, recordei o dia em que miúda da 1ª classe, tive conhecimento das letras, mas ainda não sabia o que fazer com elas....

Depois à medida que fui tomando consciência das letras e das frases, descobri que aquelas 23 letras eram magia pura. Com elas eu conseguia pôr no papel todos os meus pensamentos, sentimentos, ideias soltas.

Adorei a ideia, e toda a minha vida escrevi.
Claro que nunca escrevi para um público, nem era essa a minha ideia, mas escrevi para mim, diários, folhas soltas, quando estava alegre, quando estava triste, ou simplesmente algo que me vinha à mente e sentia uma necessidade louca de escrever.

Escrevia para mim, sem revisões, medos de criticas, ou preocupada em demasia com os erros ortográficos. sem prazos ou obrigações.
E apesar de estar num blog, escrever é sinónimo de prazer, e é assim que continuo a enfrentar as folhas brancas.
Não tenho disciplina suficiente, eu sei.
Que fazer?! No entanto aceito os meus defeitos e minhas limitações.

Volto um dia destes, quando me apetecer, pode até ser daqui a bocado....ou não!

Isabel Peres

Vanessa Mae Storm

Emigrar...

Uma garota perguntou-me à dias, porque tinha saido do meu país , para emigrar...
Como se explica a uma criança? Como se explica a um adulto? Como se explica um sentimento, tão complexo, tão contraditório....que nos aperta o coração de dôr, e nos motiva para um futuro melhor.
Respondi que emigrar era dificil. -Dificil, porquê?
Pôxa, e eu que gosto sempre de satisfazer a curiosidade das crianças, porque acho saudável!!

Emigrar...-começei eu, sem saber por onde ia - Emigar é, já sei! Sabes quando vais a casa dos teus amigos?
-Sim, - respondeu ela - é bom.
-Eu sei, tu gostas, sentes-te lá bem, fazes coisas novas e diferentes, aprendes algo mais, é tudo novidade!! Mas à noitinha....queres voltar para a tua casa, porque é lá que te sentes 100% confortável, conheces o lugar das coisas de cor, sabes os hábitos e regras da casa, e é no teu quarto que te sentes seguro....

Emigrar é como estar sempre na casa dos outros, pode até ser divertido e aprender coisas novas....mas não é a nossa casa...
E estar sempre na casa dos outros fica desconfortável.

Isabel Peres

Fernando Pessoa

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os
desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

Fernando Pessoa